sexta-feira, 11 de maio de 2012



PARCERIA: 50 Anos de Providência no Brasil


Parece um tanto estranho relacionar o termo parceria com o ano de comemoração do cinqüentenário de atuação dos Pobres Servos da Divina Providência no Brasil. Porém, se considerarmos o apelo de nosso carisma que nos leva a ver no outro e em nós, seja individuo ou organização, como providência é possível observarmos a abundancia e a importância das parcerias para a divulgação do carisma calabriano, concretizado nas inúmeras atividades desenvolvidas no Brasil.O termo parceria não era usado deliberadamente como hoje quando os primeiros religiosos desembarcaram em Porto Alegre. Este termo entrou em voga no Brasil, devido a intensa atuação das Organizações Civis Solidárias – chamadas também de Organização não Governamental ou Organizações do Terceiro Setor - de modo particular, a partir da conferencia das Nações Unidas para o meio ambiente e o desenvolvimento, realizado no Rio de Janeiro em 1992, conhecida como Rio-92. Dessa forma, foi a partir dos anos noventa que o termo parceria passou a ser utilizada para definir uma relação entre uma ou mais organizações, que realizam uma ação fundamentada na cooperação entre as partes, na busca de objetivos comum.Analisando as principais características de uma parceria, podemos entender sua importância e como ela se realizou, no decorrer da caminhada da congregação nestes 50 anos de missão no Brasil.A primeira característica de uma parceria é a participação da sociedade civil, isto é, ao menos uma das partes, que compõe a parceria deve ser uma organização que não pertença a esfera pública (governo) ou privada (empresa).
Outra característica de uma verdadeira parceria, como entendemos, é quando o resultado dessa relação está em função de outras pessoas que necessitam desta atividade para se desenvolver e crescer. A parceria se caracteriza, também, como um fazer entre sujeitos que, ultrapassa os interesses particulares em prol de um objetivo comum. A parceria introduz um novo padrão de relação que não se fundamenta na luta, na pressão e na reivindicação, onde uma das partes quer levar vantagem sobre a outra e onde somente uma ganha, mas em uma relação em que todos ganham.A relação de poder na parceria não está na busca de autonomia e nem na atitude de subordinar o outro como ocorre na hierarquia, mas como sujeito que age, ser com o outro. Por isso, em se tratando de poder a parceria se fundamenta no diálogo entre as pessoas envolvidas na ação em comum.E por fim, a parceria, busca uma ação solidaria e descentralizada. Ela somente se realiza quando a ação for regulada por um ideal baseado no princípio de gratuidade, isto é, onde o objetivo não é buscar o bem próprio, mas do próximo. As organizações e os indivíduos que se relacionam na formam de parceria, com as características mencionadas, são providência um para o outro.Podemos observar que essas características de parceria foi a tônica de toda a ação dos Pobres Servos da Divina Providência no decorrer destes 50 anos de atividade no Brasil.
É interessante ler a crônica dos primeiros meses da obra no Brasil na ótica das características da parceria mencionada acima. Iniciando na saída dos religiosos de Salto, Uruguai, pode-se observar o apoio de Dom Alfredo Viola no sentido de conduzir a congregação até Porto Alegre. Já em solo gaúcho a acolhida, hospedagem e generosidade das Irmãs Paulinas que impressionaram os Pobres Servos, que ao deixar a residência das Irmãs, quando foi para residirem na sua própria casa sentiram-se na obrigação de retribuir e escreveram: “Quando tivermos condições retribuiremos a hospitalidade delas com nossa assistência espiritual”.Ao Sr. Charles Springer, grande colaborador, que pode ser reconhecido como o primeiro leigo calabriano, que se encanta com a espiritualidade e com o carisma dos Pobres Servos da Divina Providência. Ele não mede esforços para ajudar a resolver os problemas que no momento não eram poucos. A seu respeito os integrantes da primeira comunidade religiosa exclamam: “Este homem parece sempre mais como o braço direito da Providência com relação ao futuro desenvolvimento da Congregação aqui em Porto Alegre”. Também foi fundamental a parceria com o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, através do Padre Paulo de Nadal, constituíram-se a base de toda a movimentação de inicio da Obra em terras Brasileiras. Hoje, mais que ontem, as Organizações são fundamentais para se constituir parcerias duradouras.Formar parceria é constituir amigos é dom da Providência como bem expressa o diálogo com o Bispo de Artigas, Dom Irurueta, na primeira parada da viagem para o Brasil: “A Divina Providência nos faz encontrar amigos onde quer que vamos!”. E por sua vez Dom Irurueta respondeu: “Se vocês nos consideram como tais, nós ficamos muito felizes com isso!”. Como podemos constatar no inicio da Obra as parcerias foram mais de tipo informal, isto é, não havia um acordo escrito entre as partes envolvidas para que a obra calabriana pudesse iniciar.Porém, no decorrer dos anos seguinte, as parcerias formais, principalmente por meio de convênio público\privado, passaram a ter uma importância grande para que o carisma da obra pudesse ser expandido através das inúmeras atividades. As parcerias sejam elas formais ou informais, quando são estabelecidas pelo bem da Obra e das pessoas favorecidas é a mão de Deus estendida para gerar vida em abundância.

Ir. Gedovar Nazzari

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