sexta-feira, 1 de março de 2013



GESTÃO: Aspectos Formais e Informais na organização


Nas ultimas décadas a gestão vem assumindo sempre mais importância no cenário organizacional. Nunca se usou tento o termo gestão como hoje, e muitas vezes de forma imprópria. De fato, a ação gerencial foi por século entendida de forma fragmentada, imediatista, pouco racional, muito operacional e pouco estratégica. Em uma sociedade em que se prioriza a realização em menor tempo possível, que valoriza o pragmatismo e exige resposta imediata, entendemos por que muitas vezes se valorizam mais a ação, o fazer que a compreensão.
Por outro lado, já passou o tempo de definir gestão reduzindo-a somente como ferramenta gerencial racional e prática. Hoje muitos autores abordam a gestão como um processo bem menos racional do que a literatura clássica há mais de século vem afirmando.
Já chegou o tempo de o gestor saber que gerir não se limita a liderar, tomar decisão, agir no sentido de executar, fazer; mas que gestão possui uma fase anterior ao executar, pouco praticada, que é o planejar e uma fase posterior ao fazer, que sintetiza a idéia de controle, que é o processo de avaliar. A gestão precisa ser entendida como o processo de interação destas três fases: planejar, executar e controlar/avaliar. Além do mais, este processo de planejar, executar e controlar/avaliar “tem como objeto a organização e como objetivo a criação de valores”. (Borges S. Trescastro, 2011, p. 42).
Essa idéia de organização nos leva a concluir que para a gestão calabriana, o objeto é a Organização Civil Solidária, que neste caso assume contorno bastante diferente da organização pública ou da organização do setor privado. Assim também, o objetivo da gestão da Organização Calabriana, possui contorno diferente das organizações congêneres, visto que sua meta é a produção de valores humanos vinculados ao carisma organizacional, valores de cidadania e de solidariedade fraterna.
A gestão entendida como processo de interação, de relação nos leva a uma visão de organização onde apresentam duas fases interdependentes: uma aparente e outra oculta. A fase aparente é aquela denominada também de formal e a oculta é a dimensão informal da organização. Muitos autores ao definir organização formal como um sistema cooperativo, onde a comunicação é fator preponderante, indiretamente admitem que as organizações possuam os dois aspectos, isto é, o formal e o informal.
A fase formal da organização são os elementos escritos, registrados, formalizados pela gestão. É na fase estrutural-formal que incidem as tecnologias e os sistemas de gestão, traduzindo os aspectos práticos visíveis da organização. É bom enfatizar que o traço formal da gestão é ainda hoje preponderante quando se trata de administração. Isto se deve ao fato de que a gestão possui ainda uma forte influência do pensamento administrativo clássico, com inspiração nos escritos de autores como Frederick W. Taylor, Henry Ford, Henri Fayol, entre outros. As ferramentas de gestão de inspiração clássica possuem uma visão estritamente funcionalista e mecanicista de organização que nem sempre favorecem a interação. Por isso que muitas vezes os gestores com uma tendência fortemente humanista preferem uma gestão altamente informal, que muitas vezes se torna prejudicial para o bom desempenho da atividade.
Por outro lado, o gestor tem que reconhecer que estes atributos formais da organização muitas vezes contrastam com valores culturais que com o tempo moldam a forma de relacionamento interpessoal. Esses elementos culturais conformam a dimensão informal da organização, revelando sua face oculta, que pode ser definida como aquela constituída pela expressão de relações não registradas em documentos ou normas; constituída de interações não documentadas ou formalizadas. Podemos dizer que a relação informal é a comunicação que ocorre nos corredores da atividade, quando o método de gestão não é participativo.
Podemos afirmar que hoje, um dos principais desafios dos gestores é buscar a compatibilização entre o nível de formalização e o grau ideal de flexibilidade e participação que contemple a fase informal existente nas relações interpessoais nas atividades. Por que, de fato, os excessos de informalidade ou de formalização são prejudiciais para o desenvolvimento da organização. (Berge S. Trescastro, 2011, p. 62 e 63)
Quando nos referimos aos aspectos formais e informais da organização são os mesmos de muitas outras dualidades como: teórico e prático, racional e emocional, objetivo e político; que muitos gestores possuem dificuldade de compatibilizar em seu agir. Enfim, para uma gestão ideal essas duas fases precisam ser contempladas, caso contrário o gestor e sua organização não chegarão a bom termo. Em outras palavras, os gestores precisam reconhecer que no método de gestão que irão empreender ambos os aspectos, formal e informal, emocional e racional, prático e teórico, objetivo e político devem ser contemplados na sua medida certa. Somente assim os objetivos organizacionais são alcançados com eficiência, eficácia e efetividade.

Ir. Gedovar Nazzari
           PSDP
Para reflexão na reunião de gestores:
1 – Nas atividades, temos de fato dificuldade de planejar e avaliar\controlar?
2 - Como equilibrar os aspectos formais e informais na gestão?
3 - Por que muitas vezes temos a tendência de sermos informais na gestão e não usamos as ferramentas de gestão que são colocadas ao nosso alcance?
4 – Quais as razões que muitas vezes encontramos gestores excessivamente práticos e racionais que possuem dificuldade de constituir um ambiente de trabalho onde se valorize as relações sem esquecer os resultados?