GESTÃO: Aspectos Formais e Informais na organização
Nas ultimas décadas a gestão vem assumindo sempre mais
importância no cenário organizacional. Nunca se usou tento o termo gestão como
hoje, e muitas vezes de forma imprópria. De fato, a ação gerencial foi por
século entendida de forma fragmentada, imediatista, pouco racional, muito
operacional e pouco estratégica. Em uma sociedade em que se prioriza a
realização em menor tempo possível, que valoriza o pragmatismo e exige resposta
imediata, entendemos por que muitas vezes se valorizam mais a ação, o fazer que
a compreensão.
Por outro lado, já passou o tempo de definir gestão
reduzindo-a somente como ferramenta gerencial racional e prática. Hoje muitos
autores abordam a gestão como um processo bem menos racional do que a
literatura clássica há mais de século vem afirmando.
Já chegou o tempo de o gestor saber que gerir não se limita a
liderar, tomar decisão, agir no sentido de executar, fazer; mas que gestão
possui uma fase anterior ao executar, pouco praticada, que é o planejar e uma
fase posterior ao fazer, que sintetiza a idéia de controle, que é o processo de
avaliar. A gestão precisa ser entendida como o processo de interação destas
três fases: planejar, executar e controlar/avaliar. Além do mais, este processo
de planejar, executar e controlar/avaliar “tem como objeto a organização e como
objetivo a criação de valores”. (Borges S. Trescastro, 2011, p. 42).
Essa idéia de organização nos leva a concluir que para a
gestão calabriana, o objeto é a Organização Civil Solidária, que neste caso
assume contorno bastante diferente da organização pública ou da organização do
setor privado. Assim também, o objetivo da gestão da Organização Calabriana,
possui contorno diferente das organizações congêneres, visto que sua meta é a
produção de valores humanos vinculados ao carisma organizacional, valores de
cidadania e de solidariedade fraterna.
A gestão entendida como processo de interação, de relação nos
leva a uma visão de organização onde apresentam duas fases interdependentes:
uma aparente e outra oculta. A fase aparente é aquela denominada também de
formal e a oculta é a dimensão informal da organização. Muitos autores ao
definir organização formal como um sistema cooperativo, onde a comunicação é
fator preponderante, indiretamente admitem que as organizações possuam os dois aspectos,
isto é, o formal e o informal.
A fase formal da organização são os elementos escritos,
registrados, formalizados pela gestão. É na fase estrutural-formal que incidem
as tecnologias e os sistemas de gestão, traduzindo os aspectos práticos
visíveis da organização. É bom enfatizar que o traço formal da gestão é ainda
hoje preponderante quando se trata de administração. Isto se deve ao fato de
que a gestão possui ainda uma forte influência do pensamento administrativo
clássico, com inspiração nos escritos de autores como Frederick W. Taylor,
Henry Ford, Henri Fayol, entre outros. As ferramentas de gestão de inspiração
clássica possuem uma visão estritamente funcionalista e mecanicista de organização
que nem sempre favorecem a interação. Por isso que muitas vezes os gestores com
uma tendência fortemente humanista preferem uma gestão altamente informal, que
muitas vezes se torna prejudicial para o bom desempenho da atividade.
Por outro lado, o gestor tem que reconhecer que estes
atributos formais da organização muitas vezes contrastam com valores culturais
que com o tempo moldam a forma de relacionamento interpessoal. Esses elementos
culturais conformam a dimensão informal da organização, revelando sua face
oculta, que pode ser definida como aquela constituída pela expressão de
relações não registradas em documentos ou normas; constituída de interações não
documentadas ou formalizadas. Podemos dizer que a relação informal é a
comunicação que ocorre nos corredores da atividade, quando o método de gestão
não é participativo.
Podemos afirmar que hoje, um dos principais desafios dos
gestores é buscar a compatibilização entre o nível de formalização e o grau
ideal de flexibilidade e participação que contemple a fase informal existente
nas relações interpessoais nas atividades. Por que, de fato, os excessos de
informalidade ou de formalização são prejudiciais para o desenvolvimento da organização.
(Berge S. Trescastro, 2011, p. 62 e 63)
Quando nos referimos aos aspectos formais e informais da
organização são os mesmos de muitas outras dualidades como: teórico e prático,
racional e emocional, objetivo e político; que muitos gestores possuem
dificuldade de compatibilizar em seu agir. Enfim, para uma gestão ideal essas
duas fases precisam ser contempladas, caso contrário o gestor e sua organização
não chegarão a bom termo. Em outras palavras, os gestores precisam reconhecer
que no método de gestão que irão empreender ambos os aspectos, formal e
informal, emocional e racional, prático e teórico, objetivo e político devem
ser contemplados na sua medida certa. Somente assim os objetivos
organizacionais são alcançados com eficiência, eficácia e efetividade.
Ir. Gedovar
Nazzari
PSDP
Para reflexão na reunião de gestores:
1 – Nas atividades,
temos de fato dificuldade de planejar e avaliar\controlar?
2 - Como equilibrar
os aspectos formais e informais na gestão?
3 - Por que muitas
vezes temos a tendência de sermos informais na gestão e não usamos as
ferramentas de gestão que são colocadas ao nosso alcance?
4 – Quais as razões que
muitas vezes encontramos gestores excessivamente práticos e racionais que
possuem dificuldade de constituir um ambiente de trabalho onde se valorize as
relações sem esquecer os resultados?