segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

SOCIEDADES DE DOMINAÇÃO E SOCIEDADES DE PARCERIA

Prezados leitores;
Sugiro a leitura do artigo de Augusto De Franco, no blog abaixo, "sociedade de dominação e sociedade de parceria". Nos leva a uma reflexão interesante para nosso agir, no ambiente onde estamos.

http://contexto2.blogspot.com/

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

OLHARES DA REALIDADE DO DISCÍPULO MISSIONÁRIO CALABRIANO

A sociedade contemporânea passa por profunda transformação, e com ela assistimos e vivemos mudanças na esfera do trabalho, na cultura, na economia, na política, na religião e no social, que afeta nossas relações individuais e das organizações que pertencemos. Mudanças que tiveram seu inicio com o iluminismo, a revolução francesa, a reforma protestante e as revoluções industriais, as quais desestruturaram antigos modos de vida.

No cenário social contemporâneo nos apresenta duas possibilidades, se por um lado, estamos talvez às portas de inaugurar outra sociedade, de dimensão mundial, com nova sensibilidade social, descentralizada, pluralista, mais humana e solidária; por outro, existe o risco de inaugurarmos uma sociedade com uma centralização de poder ainda mais profunda, mais autoritária e controlada em todos os sentidos, principalmente pelo utilitarismo econômico, onde a importância do homem é reduzida pelo que produz e o que possui.

Sentimo-nos afetados por essas mudanças, e como discípulos missionários, “sentimo-nos desafiados a discernir os ‘sinais dos tempos’, à luz do Espírito Santo” e do Carisma Calabriano, “para nos colocar a serviço do reinado, anunciado por Jesus, que veio para que todos tenham vida e ‘para que a tenham em plenitude”[1]. Os discípulos missionários precisam conhecer a realidade para distinguir com clareza quais são as propostas que nos são apresentadas que não se coadunam com os princípios do Evangelho e o bem comum.

Como já mencionamos, as mudanças que assistimos na atualidade é resultado de um longo processo de transformação, que ocorreu em conseqüência da revolução industrial que iniciou no decorrer do século XVIII, e afetou o interior da força produtiva e a relação entre as pessoas.
Nesse período os camponeses viram suas atividades e suas corporações serem invadida por novas concepções de trabalho que marcaram a passagem de uma civilização agrícola rural para uma civilização industrial urbana. Essa mudança ocorre ainda em nossos dias, trazendo com ela profundas mudanças no modo de nos relacionarmos com tudo o que se apresenta ao nosso redor. Isto é, nossa relação com as pessoas, com as Organizações, com a Fé, com conosco mesmo e com a natureza.

Costuma-se dizer que a sociedade viveu três etapas da revolução industrial. A primeira revolução foi a utilização da maquina a vapor, a segunda o surgimento do motor elétrico e a terceira, que estamos vivendo hoje, ocorre pela utilização dos conhecimentos da eletrônica, da computação, da automação no setor produtivo e da energia atômica.[2] A revolução industrial “elevou-se à condição de fenômeno mundial, consolidando definitivamente o modo de produção capitalista”. Com a industrialização decorreu um processo de centralização da economia[3] e um intenso desenvolvimento da ciência e da tecnologia, com “capacidade de manipular geneticamente a própria vida dos seres vivos, e com capacidade de criar uma rede de comunicação de alcance mundial”[4], com possibilidade de conectar as pessoas individualmente em tempo real e encurtar as distâncias.

Com a revolução industrial, surgiram novas formas de trabalho que foram impostas aos trabalhadores, especialmente pelo Teylorismo, ou Organização Cientifica do Trabalho, no inicio do século XX, e a automatização da fábrica para produção de caráter “intensivo”. É um método de organização objetiva do trabalho, que tem por característica a grande empresa estruturada nos princípios de integração vertical e na divisão social e técnica institucionalizada do trabalho.[5]
Esse modelo organizativo que utiliza seqüência linear do trabalho fragmentado, simplificado, rotinizado, sob o comando fortemente hierarquizado, onde o coordenador planeja e os empregados executam, criou nas instituições costumes de condução organizacional centralizada sem a participação dos colaboradores. Como se ouve ainda dizer, “o colaborador foi contratado para trabalhar e não para pensar e opinar”. Esse método, ainda hoje enraizado na cultura organizacional não tem colaborado para um desenvolvimento humano e integral das pessoas que colaboram com as Organizações, por que não permitem a participação dos mesmos na tomada de decisão das instituições. Além do mais, convivemos com um sistema burocrático, hierarquizado, legal e impessoal, símbolo de modernidade, que não colabora para desenvolver relações humanas, fraternas e solidárias no interior das organizações, incluindo nessas as relações comunitárias.

Porém no decorrer da década de 1980, a competitividade das indústrias não dependia de quantidade ou produções em série, mas na capacidade de produzir variedade de produtos com preços baixos. A rigidez tornava-se obstáculo. Para superar o impasse surge sistemas de condução das organizações, que passam a ouvir e apoiar as idéias dos empregados e não determinar o que eles deveriam executar, enfim, em lugar do sistema hetero-organizado centralmente, surge um sistema auto-organizado descentralizado e flexível.

A principal transformação que assistimos hoje na esfera organizacional pode ser assinalada como a alteração de burocracias verticais para a Organização horizontal. Em outras palavras, “a Organização horizontal é uma rede dinâmica e estrategicamente planejada de unidades autoprogramadas e autocomandadas com base na descentralização, participação e coordenação”[6]. Porém devemos admitir que esses valores humanos, embutidos nessa nova concepção organizativa, geralmente, são cooptados para o interesse unicamente produtivo, visando o lucro mais que a satisfação e valorização das pessoas.

O desenvolvimento tecnológico, de modo especial o da comunicação e da informação, nos conduz para a necessidade de organizações em redes. As redes possuem uma relação direta com a informação e a comunicação. No passado, com a ausência de tecnologia de comunicação e de informação, as redes possuíam uma configuração centralizada; posteriormente, com tecnologias de comunicação como o telégrafo que unia somente centros, as redes passaram a se configurar de forma descentralizada, e atualmente com ferramenta com a internet a rede se torna distribuída[7]. Com essa configuração, cada indivíduo é um nodo da rede, cada pessoa e cada instituição é parte integrante da rede. Com as tecnologias da informação e da comunicação existente atualmente, “nasce a era das redes distribuídas, que abre possibilidade de passar de um mundo de poder descentralizado a outro mundo de poder distribuído”[8].

O poder distribuído é a concepção do poder “fraco” na óptica da organização cientifica, mas que no consenso, se torna “forte”, dinâmico e auto-sustentável. Hoje as relações requerem diálogo, discução, aprendizado, transparência e valores claros. Somente assim podemos empoderar e motivar as pessoas para assumirem os objetivos carismáticos da Congregação.

Por outro lado, esse fenômeno humano de escala mundial, traz conseqüências em todos os campos de atividade da vida social, criando impacto na cultura, na economia, na política nas ciências, na educação e na religião[9]. Se por um lado a rede distribuída amplia infinitamente a possibilidade de relações, dando condições de criar uma verdadeira fraternidade planetária; por outro lado ela pode afrouxar a relação entre os membros da própria comunidade, reforçando o individualismo e o isolamento dos membros. É de fundamental importância sabermos como esse fenômeno da mudança impacta na vida da comunidade religiosa e na espiritualidade, para que esse novo contexto social não transforme a vida religiosa complexa e sem brilho, mas sirva de ajuda para uma relação mais intensa, fraterna e solidária.

Estamos vivendo, também, um momento de passagem para um capitalismo pós-moderno, onde o trabalho abstrato simples é substituído pelo trabalho complexo; o trabalho de produção material é substituído pelo trabalho imaterial[10], ou de serviço que requer uma atualização constante tanto individual quanto Organizacional. A formação para o trabalho interpessoal e em grupo passa a ter fundamental importância para a vivência comunitária e para a missão.
A produção de bens está na base do surgimento do capitalismo, o qual passa na atualidade por um redimensionamento chamado de projeto neoliberal.

A primeira vista o capitalismo liberal se apresenta como um simples sistema econômico, neutro política e socialmente, inclusive com proposta coerente para proporcionar o bem-estar das pessoas[11]. Porém, na pratica se descobre que o capitalismo não é apenas um mecanismo econômico como se apresenta à primeira vista. Pelo contrário o capitalismo liberal é na verdade um sistema político, econômico e social[12]. É um sistema que prega um novo desenho institucional e político que envolve toda a sociedade, com uma tentativa clara de implantar uma nova concepção de mundo. “... um mecanismo econômico que, para funcionar, vinculou a si e consagrou uma determinada concepção do homem como ser livre, individualista, egoísta e calculista. Repudiou como lírica e irrealista qualquer outra concepção”[13].

Sendo assim, o problema não está na procura de bens como o alimento, roupa, equipamentos para a missão e até segurança para o futuro. Mas o erro está no fato de valorizar essas coisas como se elas tivessem o poder de solucionar o problema e de encontrar segurança e serenidade na vida. O erro está no fato de que hoje se olha somente para os bens e os meios que possuímos sem levarmos em conta primeiramente a Deus Pai[14]. Jesus disse sem mim nada podeis fazer, não disse sem os meios materiais nada podeis fazer.

No contexto do capitalismo, facilmente nos deixamos influenciar e passamos a ver a realidade, as atividades e a missão de forma unilateral. Isto é, a partir da informação da economia, da política, da gestão e da ciência. “No entanto, nenhum desses critérios parciais consegue propor-nos um significado coerente para tudo o que existe. Quando as pessoas percebem essa fragmentação e limitação, costumam sentirem-se frustradas, ansiosas e angustiadas”[15]. Em outras palavras, muitas vezes, por influencia da concepção da ordem neoliberal, não nos deixamos conduzir, em nosso discipulado e missão, pela “ordem nova” ou “nova ordem” tão falada e desejada por São João Calábria, a qual traz um sentido de completude para nossa vida.

A filosofia neoliberal defende que a desigualdade deve ser vista como coisa positiva; os fracos devem acabar com sua exclusão e não serem atendidos pelo Estado de Bem-Estar, mas por associações e instituições privadas; os ricos têm papel ativo, e substitui o Estado intervencionista, o Estado deve ser mínimo no social e forte na proteção econômica. A crise deve-se ao aumento da carga fiscal sobre as empresas e sobre os ricos; o mercado regula tudo e não contempla o fracassado[16]. Os neoliberais, são contra o verdadeiro significado de política, entendem por “política como vontade dos homens aplicada na decisão sobre como aprimorar suas condições materiais de vida”[17]. É uma doutrina que não aceita a democracia como valor, democracia no sentido “forte” do termo que ocorre nas relações humanas cotidianas, mas como mero sistema político organizacional de governo[18].

Como sistema de governo, o neoliberalismo adota como inimigo o avanço dos movimentos sociais; de estudantes, de consumidores, sem terra, sem teto, ecologistas, minorias culturais, negros, mulheres e grupos de contracultura; e a intervenção do Estado na economia[19]. As organizações comunitárias que se orientam por valores como a fraternidade e a solidariedade devem estar conscientes que seu jeito de viver e de agir é contra-hegemônicos aos valores que atualmente a sociedade defende de modo preponderante. A teoria neoliberal que “expressa mentalidade de se desligar a economia quer do confronto com a palavra de Deus quer das instâncias éticas gerais”. Leva o coordenador católico, envolto nesse ambiente tecnocrata, à conclusão que levar em consideração no seu trabalho os valores do Evangelho, pode colocá-los em situação de inferioridade com relação àqueles que são mais desenvoltos em seu agir administrativo[20].
Este tipo de concepção que marginaliza os valores morais parece ter sido uma das causas centrais do ‘vicio ético’, como a corrupção, em que se precipitaram em diversas organizações[21]. O lucro está no centro da ideologia capitalista, a qual se expande sobre a égide do individualismo e conseqüentemente traz um desenvolvimento econômico e social completamente divorciado da ética e da solidariedade.

Segundo Dom Erwin a Igreja da América Latina e do Caribe está diante de três alternativas; amedrontada, enterrar os muitos tesouros que recebeu[22]; se inserir ao sistema capitalista e propor pequenas melhorias; ou intervir com sinais de justiça no mundo injusto e lançar as sementes do Reino. A Igreja de Aparecida assumiu essa intervenção e ruptura como serviço aos pobres. Ela prometeu não apenas ser advogada dos pobres, mas a sua casa. Como casa dos pobres[23], a Igreja será casa de esperança[24]. Para São João Calábria os pobres são nossos donos, desta forma são eles que devem pautar as decisões de nossa missão.

Estamos diante de um grande desafio; passar de um modo de agir balizado pelo materialismo dominante, que nos joga para uma relação, onde cada um pensa para si, que vê o irmão como concorrente, onde o exercício da coordenação é exercido de forma egocêntrica e autocrática; para um modo de agir que brota do Espírito, que se traduz em uma relação de escuta, da caridade e do serviço; com coordenação circular, em rede distribuída e que tem a democracia como valor relacional. Enfim que o Reinado de Deus possa ser claramente vivido e testemunhado.

BIBLIOGRAFIA
1 - ÁVILA, Fernando Bastos de, Solidarismo: alternativa para a globalização / Fernando Bastos de Ávila. – Aparecida, SP: Editora Santuário, 1997.
2 - AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
3 - CARD. MARTINI, Carlos Maria, Estudos Calabrianos, Dinheiro, Evangelho, Providencia, 2004.
4 - CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. V.1, 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
5 – Dewey, John. Democracia Cooperativa: escritos políticos escolhidos de John Dewey: 1927-1938\ Augusto de franco, thamy Progrebinschi (organizadores). – porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.
6 – Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferencia Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 13 – 31 de maio de 2007.
7 - GORZ, André. O imaterial. Conhecimento, valor e capital. São Paulo: AnnaBlume, 2005.
_____. Misérias do Presente, riquezas do possível. São Paulo: AnnaBlume, 2004.
8 - GROS, Denize Barbosa, Institutos Liberais e Neoliberalismo no Brasil da Nova Republica. Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Hauser, 2003.
9 – Leitura Teológica do “Buscai Primeiro...” Em Pe. João Calabria, 1999.
10 – MAGGIONI, Bruno. Dinheiro, Evangelho, Providência. Estudos Calabrianos, 2004.
11 - SANDRONI, Paulo (Org.). Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.

12 - UGARTE, David de. O poder das redes: manual ilustrado para pessoas, organizações e empresas, chamadas a praticar o ciberativísmo – Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.
13 – KLIKSBERG, Bernardo. Más ética más desarrollo, Tema Grupo Editorial SRL, 5а Edição, Buenos Aires, Argentina, 2004.
[1] Jo 10,10. Em Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferencia Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 13 – 31 de maio de 2007. Pag. 33
[2] SANDRONI, Paulo (Org.). Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
[3] AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
[4] Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferencia Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 13 – 31 de maio de 2007. Pag. 34
[5] Castells, 2005
[6] CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. V.1, 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. pag. 223
[7] UGARTE, David de. O poder das redes: manual ilustrado para pessoas, organizações e empresas, chamadas a praticar o ciberativísmo – Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.
[8] Ugarte, 2008
[9] DA, 35
[10] GORZ, André. O imaterial. Conhecimento, valor e capital. São Paulo: AnnaBlume, 2005.
[11] Ávila,1997
[12] Ávila,1997
[13] Ávila, 1997, p. 17
[14] MAGGIONI, Bruno. Dinheiro, Evangelho, Providência. Estudos Calabrianos, 2004. pag. 11
[15] DA, 36
[16] GROS, Denize Barbosa, Institutos Liberais e Neoliberalismo no Brasil da Nova Republica. Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Hauser, 2003. pag. 16
[17] Lopes, 1988, citado por Gros, p. 84
[18] Dewey, John. Democracia Cooperativa: escritos políticos escolhidos de John Dewey: 1927-1938\ Augusto de franco, thamy Progrebinschi (organizadores). – porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.
[19] Gros, 2003
[20] Martini, 2005, p. 17
[21] KLIKSBERG, Bernardo. Más ética más desarrollo, Tema Grupo Editorial SRL, 5а Edição, Buenos Aires, Argentina, 2004.Pag.20
[22] Mt 25, 14s
[23] DA, 8,5240
[24] Dom Erwin, Bispo do Xingu-PA

terça-feira, 20 de maio de 2008

SERVIÇO SOLIDÁRIO: TORNANDO O EVANGELHO VIDA

OS POBRES SERVOS DA DIVINA PROVIDÊNCIA SEMPRE PROCURARAM ESTAR PRESENTES ONDE A HUMANIDADE NÃO TINHA O QUE ESPERAR. LEVAR A OBRA CALABRIANA AOS MAIS NECESSITADOS, AOS MAIS POBRES E HUMILDES É PROMOVER O AMOR AO PRÓXIMO, OU SEJA, MANIFESTAR EM TODA A SUA PLENITUDE A DIVINA PROVIDÊNCIA.
IR. GEDOVAR NAZZARI JÁ PERCORREU DIVERSOS LUGARES NO BRASIL E CONTA, NA ENTREVISTA DA REVISTA A PONTE, 3ª EDIÇÃO - 2007, UM POUCO DE SUAS EXPERIÊNCIAS COM AS OBRAS SOCIAIS DESENVOLVIDAS PELA CONGREGAÇÃO.

A PONTE – QUAIS AS MOTIVAÇÕES QUE O LEVARAM A SE DEDICAR ÀS ATIVIDADES SOCIAIS NA CONGREGAÇÃO POBRES SERVOS DA DIVINA PROVIDÊNCIA?
Ir. Gedovar Nazzari – A Congregação Pobres Servos da Divina Providência se confunde com atividade social, isto é, São João Calábria repetitivamente salientava que nós devemos ir sempre onde humanamente não há nada a esperar, aos mais pobres, aos humildes, aos excluídos; pois é desta forma que se manifestará melhor a Divina Providência, enfim, que Deus é Pai e Mãe. Também não podemos nos esquecer que a história da acolhida do menino pobre, feita por S. João Calábria, marca o inicio da Congregação.
Por outro lado, pessoalmente sempre tive uma tendência nata a me colocar a serviço desta causa, isto é, de tentar fazer alguma coisa no sentido de tornar a sociedade mais humana e menos excludente; causa esta, que se coaduna com a da Congregação. Desta forma tenho que salientar também, que os superiores, sem dúvida, percebendo esta tendência, ou chamado, sempre me solicitaram a colaborar na Congregação com atividades nesta esfera.
Hoje, ainda mais, não tenho dúvidas de que a atenção, o amor e serviço solidário aos mais pobres são uma forma atualíssima de testemunho do carisma, e de tornar o Evangelho vida.

AP – NA SOCIEDADE DE HOJE A VISÃO ECONOMICISTA É PREPONDERANTE. NA SUA ÓTICA, É POSSÍVEL ATUAR EM UMA ORGANIZAÇÃO CIVIL SEM SE DEIXAR INFLUENCIAR POR ESSA CORRENTE?

Ir. Gedovar – Sem dúvida que é possível, mas não que seja fácil, pois está enraizada fortemente em nosso imaginário e impregnada, por todos os lados, na sociedade atual, a idéia de que todas as soluções passam pela esfera econômica, basta observarmos nos noticiários a importância que é dispensada para a situação das bolsas e a cotação do dólar. Desta forma, corre-se o perigo real do econômico definir as ações e objetivos pessoais e das organizações a que pertencemos. Agindo desta forma, certamente, perde-se a originalidade profética da Congregação, distancia-se da realidade dos pobres e, conseqüentemente, da vida e dos problemas sociais que nos cercam.
Para superarmos esta visão, e sermos fiéis à nossa missão, tanto pessoal de cristãos, como institucional, nossos objetivos e ações precisam ser orientados pela óptica da solidariedade, da ajuda mútua, assim como nos ensinou o tempo todo São João Calábria. Norteados por esse objetivo, daí sim, podemos agir nas atividades como ele nos dizia, que não é por falta de meios econômicos que devamos deixar de atender aos pobres, de escutar e promover a vida nos lugares onde ela é mais desprezada e ferida e nos indignarmos com a exclusão de irmãos e irmãs.
Com referência aos meios, também econômicos, para esses objetivos, a Providência Divina proverá. Uma vida vivida de forma solidária, a serviço dos últimos, mais do que nunca, hoje é um testemunho de abandono total à Divina Providência.

AP – OS ÓRGÃOS PÚBLICOS DE CERTA FORMA PRETENDEM SUPRIR AS NECESSIDADES DE ASSISTÊNCIA DA SOCIEDADE, ATRAVÉS DE POLÍTICAS PÚBLICAS. NESTE CENÁRIO, QUAL SERIA A FUNÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS, JÁ QUE O ESTADO DESENVOLVE ESTA ATIVIDADE?

Ir. Gedovar – O projeto denominado neoliberal em que vivemos hoje, entre outras mudanças, preconiza a reforma do Estado. Isto é, prevê uma reestruturação, uma retirada da responsabilidade do Estado para com as questões sociais da sociedade, saúde, educação, previdência e assistência, etc; passando, tudo o que se pode comercializar, para o setor privado, e os casos sociais mais graves e urgentes, para o assim chamado “terceiro setor”.
Não devemos ter a preocupação, então, de que o Estado vá substituir as Organizações Civis nas atividades sociais. Hoje, pelo contrário, devemos gritar NÃO à substituição da responsabilidade estatal no trato com a “questão social”. E pode-se dizer SIM para o caráter de complementação que historicamente já vem sendo dado pelas Organizações Civis Solidárias. E se outras tantas organizações sociais estão surgindo, excelente, pois ampliarão e serão de grande contribuição no combate às injustiças sociais, provocadas pela ganância do sistema capitalista. Contudo, nunca se pode esquecer que nenhuma esfera, pelo menos no sistema econômico em que vivemos, será capaz de substituir o Estado na sua obrigação com a cidadania plena.
As Organizações da Sociedade Civil, neste cenário, necessitam, portanto, estar atentas para que o Estado assuma sua responsabilidade de assistir às pessoas que necessitam. Um meio que as Organizações Civis possuem para responsabilizar o Estado com a questão social é precisamente, a participação nos conselhos, fóruns e em outras instâncias a que têm direito.

AP – A PARTICIPAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS NA ORGANIZAÇÃO CIVIL SOLIDÁRIA É UM PRESSUPOSTO FUNDAMENTAL,QUE AFIRMA QUE DE FATO ESTA ORGANIZAÇÃO É SOLIDÁRIA. NA SUA CONCEPÇÃO, QUAIS AS FORMAS DE PARTICIPAÇÃO QUE PODE OCORRER EM UMA ORGANIZAÇÃO CIVIL SOLIDÁRIA?

Ir. Gedovar – Segundo afirma a autora Carole Pateman, em seu livro “Participação e teoria democrática”, Rousseau, um teórico por excelência da participação, apóia toda sua teoria política na participação individu al de cada cidadão no processo político de tomada de decisões. Desta forma, a participação, na tomada de decisão, faz com que os indivíduos e suas organizações estejam constantemente em relação.
Diz ainda que a participação na tomada de decisão pode ocorrer de três formas: a participação pode se expressar na instituição na forma de pseudoparticipação, isto é, quando a direção, na figura de seu diretor, toma uma decisão e posteriormente promove uma reunião, uma discussão, utiliza-se até de palestras motivacionais, para que os membros se sintam participantes, mas eles não têm força de decisão. Pode ocorrer, também, o que a autora chama de participação parcial; esta forma acontece, quando todos os integrantes da organização, e interessados no assunto, discutem o tema mas quem dá a ultima palavra, quem decide é a direção ou o diretor. E nas organizações pode acontecer, também, a participação plena ou total; essa forma consiste em um processo no qual cada membro isolado de um corpo deliberativo, de uma Organização, tem igual poder de determinar uma decisão. Enfim, é quando todos os integrantes e colaboradores da Organização discutem e decidem. Os exemplos mais comuns desta forma de participação são os grupos auto-geridos, auto-organizados; hoje, muito incentivados pelo método de gestão por competência.
É claro que pode ocorrer, também, que em uma Organização Civil as decisões sejam tomadas sem participação. Isso acontece quando as políticas, programas e projetos da Organização são feitos e decididos pelo mínimo de pessoas, quando não por uma única pessoa. Portanto, não há participação, quando os agentes envolvidos na Organização Civis não são convocados para tomar uma decisão; estas Organizações Civis podem se considerar solidárias mas na sua prática não o são, porque não dão oportunidade para as pessoas se desenvolverem como cidadãos.

AP – OUVE-SE FALAR MUITO, ATUALMENTE, SOBRE AS TRÊS ESFERAS DA SOCIEDADE, ESTADO, EMPRESAS E ORGANIZAÇÕES CIVIS. QUAL É A RELAÇÃO QUE EXISTE ENTRE ELAS?

Ir. Gedovar – As organizações empresariais, as organizações políticas e as organizações civis fazem parte da mesma ordem social. Todas deveriam ter como cenário geral o bem estar social das pessoas, isto é, que a vida social se desenvolvesse.
Faz parte das organizações empresariais desenvolverem as suas ações por meio do mecanismo do mercado, tendo o dinheiro, o lucro como objetivo. Este capital que elas produzem, que é justo, deveria ser aplicado para produzir mais e assim ajudar mais as pessoas e a sociedade e não somente para acumular. Sem dúvidas, que é importante que o Estado objetive a gestão dos assuntos públicos da sociedade, para que todos tenham mais cidadania e não usem o poder de forma absoluta. E a organização civil, é importante, como vimos anteriormente, que se estruture a partir de objetivos definidos com base na solidariedade e não que seus objetivos sejam o lucro ou o poder político.
A relação seria bem mais justa se, tanto o Estado, como as Empresas, estivessem em função da sociedade civil e não o inverso.

AP – COMO UMA ORGANIZAÇÃO CIVIL PODE EXPRESSAR, EM NOSSOS DIAS, A ESPIRITUALIDADE CALABRIANA?

Ir. Gedovar – O número cinco da Constituição da Congregação, mas se poderia indicar muitos outros escritos, nos diz que “a nossa missão especifica consiste em fazer ressurgir a fé no mundo”, esta fé e confiança em Deus Pai/Mãe Providente, testemunhamos através do “abandono total à sua Divina Providência e vivendo uma vida fraterna e solidária com os últimos”. Com isto, podemos facilmente concluir que as Organizações Civis, ligadas à Congregação Pobres Servos da Divina Providência, podem testemunhar e viver a espiritualidade calabriana, através do serviço aos excluídos; serviço este que desenvolva estas pessoas, isto é, que elas se sintam realmente “nossos donos” como dizia São João Calábria e não como meros favorecidos.
Poderíamos dizer então que uma Organização Civil, para expressar o espírito calabriano, entre outras coisas, tem que ser solidária com as pessoas com as quais se relaciona.

MÉTODOS PARTICIPATIVOS TORNAM INSTITUIÇÕES MAIS SOLIDÁRIAS

Redação O Estado do Paraná [19/08/2007]
Zélia Maria Bonamigo

Conforme Gedovar Nazzari.
O fato de que organizações civis se denominem solidárias não é garantia de que na prática isso de fato ocorra. No entanto, aquelas que se propuserem à vivência de ações com métodos participativos praticam a solidariedade e contribuem com a prática da justiça social. É o que constatou Gedovar Nazzari em sua dissertação de mestrado recentemente defendida na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, denominada A questão da participação nas organizações civis solidárias.

O universo da pesquisa envolveu três organizações civis solidárias, que se caracterizam como espaço social que potencializa suas ações e objetivos a partir da solidariedade. Nazzari comentou que teve como objetivo da pesquisa a análise das percepções de representantes das organizações civis solidárias, tendo em vista apreender se o modo como elas prestam seus serviços propicia a participação dos atores sociais envolvidos, e que teve forte motivação pessoal, profissional e social.

A participação é um principio fundamental da democracia. A dissertação a discute na abordagem de diversos autores, enfatizada especialmente na óptica da teoria da democracia participativa ou popular e na óptica da teoria contemporânea ou liberal de democracia. Quanto a sua forma, a participação é apresentada em suas modalidades de pseudoparticipação, parcial e total.

O cientista social refere que a pesquisa foi de grande importância, pois atua há um bom tempo em instituições que se caracterizam por suas ações solidárias. Pode constatar cientificamente que se estas organizações em suas ações propuserem um método de atuação participativo, poderão constituir-se em uma esfera de educação política por excelência, podendo contribuir, ainda mais, com a constituição de uma sociedade mais humana, justa e solidária.

Zélia Maria Bonamigo é jornalista, mestre em antropologia pela UFPR, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

zeliabonamigo@uol.com.br

segunda-feira, 12 de maio de 2008

GOVERNANÇA SOLIDÁRIA

Gedovar Nazzari

A Governança Solidária pode ser classificada como um método de gestão pública que prioriza a inter-relação dos órgãos públicos entre si e as relações das organizações públicas com a sociedade civil. Seu objetivo primeiro é concentrar o foco no desenvolvimento e no crescimento do cidadão, e não mais na estrutura como tradicionalmente se procedia. Nessa forma de gestão, é o cidadão que protagoniza as soluções dos problemas sociais, os programas e os projetos de desenvolvimento. No âmbito da administração pública a governança solidária visa superar as deficiências da administração burocrática com relação ao direito de participação do cidadão.
Essa forma de gerência pública, que adota uma concepção democrática mais forte e direta, é uma realidade de várias regiões do mundo, como pudemos constatar na Conferencia Mundial sobre Desenvolvimento de Cidades, realizado de 13 a 16 de fevereiro do corrente ano em Porto Alegre.
Para melhor entender a governança na óptica da administração pública, torna-se fundamental realizar uma retrospectiva histórica das formas anteriores de gestão pública utilizadas no Brasil. É bom lembrar que as Organizações surgiram concomitantemente ao sistema capitalista, objetivando alcançar metas comuns.
As organizações podem ser classificadas em públicas, vinculadas ao Estado; privadas, que envolvem empresas, e organizações civis solidárias, também conhecidas por organizações não governamentais, filantrópicas, fundações e os movimentos sociais não formalizados.
Toda Organização requer um sistema de administração, que abrange três formas: patrimonialista, burocrática e, mais recentemente no Brasil, a denominada gerencial. Essas formas de administração estiveram presentes em praticamente todos os países que adotaram o sistema político da liberal-democracia. Porém, nos países com sistemas ditatoriais a administração burocrática era/é mais enfatizada.
Conforme o plano diretor da reforma do aparelho do Estado, lançado pelo governo federal em meados da década de 90 do século passado, a administração pública patrimonialista se caracteriza por tornar o Estado uma extensão do poder real; os cargos públicos são distribuídos pelo soberano como trocas de favores. O Estado se torna um espaço privado dos detentores do poder. Tornam-se comuns praticas administrativas clientelistas e o tradicional apadrinhamento. Essa forma de administração favorece o surgimento do nepotismo e da corrupção. O marco histórico de seu surgimento no Brasil foi o ano de 1822, com a Independência, quando começou a se estruturar o Estado nacional, e se estendeu aproximadamente até o inicio da década de 1930.
Continuando, o referido plano salienta que para corrigir os vícios da gestão patrimonialista, no inicio da década de 1930, foi implantada no Brasil a administração pública burocrática. Esse modelo de gestão teve seu inicio com o Estado liberal e com o surgimento da burguesia industrial. A administração burocrática se caracteriza pela lógica instrumental do poder racional legal, pela impessoalidade, pela hierarquia, pelo formalismo e por possuir um comando centralizado. Essas características da burocracia pretendiam tornar o Estado um instrumento público. Para isso, foi estabelecido um controle rígido dos processos, com o objetivo de coibir a corrupção e o nepotismo, comuns na óptica administrativa anterior. Essa forma de administração, considerada moderna, ajudou a profissionalizar a administração pública, mas, por outro lado, demonstrou-se lenta e ineficiente para acompanhar as mudanças rápidas requeridas pela sociedade atual, ineficiente por referir-se a si mesma e por ser incapaz de tratar a pessoa como cidadã com direito de possuir serviço público com qualidade. (Câmara da Reforma do Estado, 1995)
Segundo Crozier (1981), um sistema de organização burocrática é um sistema incapaz de corrigir-se. É um modelo que coloca em primeiro plano as escolhas racionais em lugar do peso dos sentimentos, ou seja, é um modelo estático e descritivo, evidenciando-se o problema da mudança dentro de um sistema de organização burocrática. Afirma ainda o autor que a administração burocrática carrega no seu bojo uma dicotomia fortemente criticada pela corrente das relações humanas. Isto é, se por um lado ela é mais eficiente que as demais formas administrativas existentes até o presente momento, por outro lado a organização burocrática é uma ameaça para a liberdade e para os costumes da humanidade. (CROZIER, 1981)
Por sua vez, ao se referir às organizações burocráticas, Gerth (1982) salienta que o mundo burocrático é completamente arbitrário. Os membros do sistema estão protegidos, mas ao preço de um isolamento da realidade, difícil de suportar. Eles têm segurança e estão protegidos contra a sanção dos fatos, mas isso também significa que não têm que dimensionar seu próprio esforço. Esse isolamento da realidade e essa incapacidade de medir têm como conseqüência uma espécie de ansiedade – secundária – que permite explicar a importância de todos os problemas de relações humanas que ocorrem dentro de um sistema burocrático. O que os burocratas ganham em segurança, perdem em realismo. Para julgar seus próprios resultados eles têm necessidade de apoiar-se na sanção das relações humanas. Seu mundo é um mundo de lutas mesquinhas pelo prestígio, de pequenas disputas difíceis de resolver dentro de uma perpétua guerra de posições. Eles escapam em parte à ansiedade do homem moderno, mas em seu lugar desenvolvem um ponto de vista acanhado e enfrentam o recrudescimento da luta pelo poder, que são as características de um sistema social excessivamente rígido. (GERTH, 1982)
Devido aos elementos nocivos identificados na administração burocrática, no final de 1967 foram dados os primeiros passos em direção à administração gerencial, mas ela somente foi colocada em prática, no Brasil, após a constituição de 1988 e com a reforma do Estado e da administração pública.
Uma das características marcantes da administração pública gerencial, segundo o plano diretor de reforma do aparelho do Estado, se concentra na forma de controle. Passa do controle de processos, como era na administração burocrática, para o controle dos resultados. Dessa forma, os objetivos e os interesses da administração passam a ser o público e não a organização, como era anteriormente. Além do mais, a administração gerencial, apóia-se no principio da confiança, da descentralização de decisões e funções, das formas flexíveis de gestão, da horizontalização das estruturas e dos incentivos à criatividade. Outra característica importante da gestão gerencial é que o controle social exercido pelos cidadãos se fundamenta na democracia participativa direta. (Câmara da Reforma do Estado, 1995)
A passagem da forma de administração burocrática para gerencial é um dos fatores que realiza uma silenciosa revolução democrática na sociedade e nas organizações, que pouco a pouco conquista todo o mundo. A participação intensa dos cidadãos, de modo associado ou individual, passa a ser um fator determinante para a continuidade ou não das Organizações. A participação é o ingrediente de empoderamento da comunidade para que participe sempre mais nos projetos e nos programas que a comunidade desenvolve.
Nessa óptica é que se enquadram as varias iniciativas de gerenciamento público com Governança Solidária Local, de Orçamento Participativo e de outras tantas formas de gerência com participação, que ocorrem pelo mundo tanto no âmbito público quanto privado. Enfim, na administração gerencial, os resultados da ação da organização são considerados eficientes se as necessidades dos indivíduos estão sendo atendidas e não se os processos administrativos estão seguros e sob controle através de uma supervisão rígida da administração.
Resta-nos ficar atentos para que essas iniciativas de participação sejam espaços de participação efetiva do cidadão na tomada de decisão e na formulação das políticas da organização. Desse modo, a organização é de fato solidária. E deve-se atentar para que valores humanos como a solidariedade, não sejam cooptados por grupos de interesses meramente utilitários.
As organizações, públicas e privadas, somente se tornarão educadoras de solidariedade se na sua forma de condução criarem espaços de participação das pessoas envolvidas. São João Calábria, que viveu no período das duas grandes guerras mundiais, afirmava que somente com a reeducação das pessoas para a prática da solidariedade é que a humanidade evitaria catástrofes ainda maiores das que ele vivenciou. É por meio de relações solidárias que se construirá uma sociedade de paz, defensora da vida e auto-sustentada.

Referências

1 - CROZIER,

2 - GERTH,

3 - CÂMARA DA REFORMA DO ESTADO. Plano diretor da reforma do aparelho do estado. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/publi_04. Acesso em: 28 fev. 2008.