sexta-feira, 11 de maio de 2012


AUTONOMIA NAS OBRAS MISSIONÁRIAS: 

Um desafio para os dias atuais



Falar de dependência ou independência das obras missionárias da ajuda de organizações internacional não é um tema simples de ser tratado pelo fato que as obras missionárias se moldam ao ambiente externo onde estão inseridas. E este ambiente tem muitas variáveis diferentes, tornando as obras missionárias diversa uma da outra. Por ambiente entendemos como sendo um sistema de indivíduos e organizações em uma rede conectada com a qual a obra missionária precisa interagir.

Desta forma, dependência ou independência das obras missionárias está vinculada ao grau e da qualidade da interação que ela tem com seu ambiente, do qual as obras missionárias dependem para acessar recursos tanto financeiros, materiais e humanos, que necessitam para viver e desenvolver sua missão.

Assim sendo podemos afirmar que a dependência ou independência das obras missionárias não abrange somente a esfera financeira, mas elas dependem também do desenvolvimento dos seus colaboradores internos, das ferramentas de gestão atualizadas e de relação com as organizações e com os indivíduos externos que criam envolvimento e metas comuns. Precisamos entender que a autonomia das Obras Missionárias não está somente no fato de receber recursos do exterior, mas está acima de tudo na habilidade e na capacidade de lidar com contingências do ambiente local e global.

Para aumentar o espaço de autonomia e criatividade as obras missionárias, seus gestores precisam buscar a diversificação das fontes de recursos e contrabalançar o poder das fontes de recursos das quais dependem para cumprir sua missão. Isto é, quanto mais equilibrada a cooperação entre as fontes de recursos mais autonomia as Obras Missionárias possuem. Por outro lado, quanto menos equilibradas as fontes de recursos, maior a é sua dependência. Em outras palavras, tornar a obra missionária mais autônoma dos recursos do exterir passa por uma atualização destas obras para que elas possam buscar diversificação das fontes de recursos que necessitam para cumprir sua missão e não depender somente dos recursos repassados pela Casa Mãe. Além dos recursos repassados de projetos com organizações do exterior, as obras missionárias precisam buscar parcerias com as organizações públicas, empresas locais, benfeitores locais e produção própria.

Talvez o grande desafio das organizações internacionais de ajuda humanitária na atualidade seja de fato levar as obras missionárias, principalmente àquelas acostumadas e acomodadas com os recursos vindos do exterior, buscar diversificar e equilibrar as suas fontes de recursos, sem necessitar parar com os projetos, para superem a dependência.

Com relação à Obra Calabriana no Brasil, mais de década, temos buscado diversificar as fontes de recursos através de parcerias publico\privado, projetos com empresas locais e com pessoas voluntárias e benfeitores. Constatamos que fizemos avanços significativos, porém a quebra de paradigmas é lenta e muitas vezes, infelizmente em algumas atividades, somente conseguimos a diversificação recomeçando a atividade, “queimando o navio”, isto é, fechando a atividade. Não acreditamos neste tipo de decisão, ela muitas vezes causa traumas que levam algum tempo para superar.  Acreditamos sim, na atualização das pessoas que atuam nestas obras missionárias.

Além da atualização das obras missionárias local, sugerimos que, as organizações internacionais que mantém estreita ligação financeira e afetiva com obras missionárias no exterior, auxiliem estas organizações a diversificarem suas fontes de recursos, capacitando estas instituições a se conectarem a uma rede mais ampla de relações e auxílios.  Precisamos acreditar no que afirmava São João Calábria, que “a primeira providência é ter a cabeça no lugar”; isto é, usar as capacidades que a Providência Divina nos concede para a autonomia e desenvolvimento da missão.

                                                   Ir. Gedovar Nazzari

Nenhum comentário: